VOTOS





       RESPOSTA DADA AO CHAMADO DE DEUS PELA PROFISSÃO

         Procuramos a Deus não por iniciativa própria, mas como Aquele que nos amou primeiro, procurou-nos e nos convidou à comunhão de sua própria vida. Esse nosso esforço constante de procurar a Deus, em Cristo, baseia-se na nossa vocação, outorgada por Deus, pela qual o Cristo nos chama continuamente a lhe darmos uma resposta cheia de amor. Nossa resposta permanente, damo-la pela nossa profissão conforme a Regra de São Bento, entregando-nos por toda a vida como servos de Cristo. Desse modo, nossa profissão constitui uma peculiar consagração de toda a nossa existência, radica-se profundamente naquela consagração realizada pelo sacramento do Batismo, exprimindo-a mais plenamente, e enfim, se associa, pela Igreja, ao sacrifício da Missa.

    SERVIÇO DA IGREJA

         Quando nossa profissão é recebida pela Igreja, somos também votados ao seu serviço, pois, para nós, o Cristo está presente na Igreja, com a qual se acha indissoluvelmente unido. Por isso, servir a Cristo é e deve ser servir à Igreja, tanto pela vida de oração e penitencia, como pelas diversas formas de apostolado. Nossa vida, assim, será exemplo da vocação cristã fielmente vivida e o testemunho daquela vida nova em Cristo que, desde agora, é o início e o sinal da eterna vida do Reino do Céu.

         Embora nossa Ordem goze da isenção, a comunidade monástica é parte, de fato e juridicamente, da Igreja local e participa de suas graças, infortúnios, dificuldades, perseguições e tribulações. Nossos mosteiros têm, por isso, a responsabilidade moral de, dentro de suas possibilidades, atender às necessidades da Igreja. Tal responsabilidade onera especialmente os nossos mosteiros masculinos, nos quais, em sua maioria, os monges são também sacerdotes. O sacerdócio do Novo Testamento tende ao serviço ministerial em suas diversas formas. Devemos, então, estar atentos a que nossas comunidades monástico-sacerdotais, conforme as intenções da Igreja e as necessidades locais, estejam prontas a exercer os ministérios pastorais que lhes convierem. Isto não significa que possamos intervir, arbitrariamente, nos elementos da vida monástica, como a liturgia e outros atos comunitários, por razões pastorais. Em primeiro lugar, devemos procurar formas de mistério sacerdotal que nos permitam prestar à Igreja também o nosso serviço especifico.
         No exercício do nosso serviço a Deus e a Igreja, queremos estar sob a proteção da Bem-aventurada virgem Maria, Mãe da igreja e Patrona de nossa Ordem, que, a exemplo de nossos Pais, veneramos com filial devoção, implorando a sua intercessão e imitando a sua vida.

OS MEIOS COMUNS NECESSARIOS AO FIM DE NOSSA VIDA CISTERCIENSE HODIERNA


         Deus nos chama não apenas ao fim acima exposto, mas quer que empreguemos os meios que Ele nos preparou, tais como os conselhos evangélicos, a vida comunitária cisterciense, a vida de oração, o amor à Cruz e o serviço dos homens, pelo nosso trabalho.


  A VIDA CONSAGRADA DE MODO ESPECIAL A DEUS E A IGREJA,
PELA OBSERVÂNCIA DOS CONSELHOS EVANGELICOS


Para seguirmos, de modo especial a Cristo-Mestre como discípulos, abraçamos os conselhos evangélicos, a fim de a Ele sempre mais nos unirmos e mais depressa e cada vez mais intimamente segui-lo pelo caminho da conversão monástica.




  A castidade

         A castidade voluntaria, escolhida por causa do reino de Deus, não é mera renuncia ao matrimonio e às alegrias da família natural, mas uma libertação para que, com todas as forças físicas e psíquicas, nos entreguemos as coisas de Deus e da Igreja. Pela profissão religiosa, queremos, de um modo mais direto e íntimo, dar testemunho da expectativa cristã do século futuro, onde não há matrimonio. Por isso, a castidade é um notável sinal escatológico da nossa vida.

         Essa consagração total a Deus deve fornecer o alicerce para a edificação da família monástica. Nessa família de Deus, a caridade comum e a mesma vocação dão origem ao amor fraterno e ao auxilio mútuo de seus membros. Por um lado, devemos, assim, carregar fielmente os fardos uns dos outros, e, por outro lado, todos participamos das graças e virtudes nas quais cada um se distingue. Abraçamos, então de um modo esplendido, o caminho comunitário da salvação que Deus mesmo abriu na Igreja para os homens. Deus abre então os nossos corações para que possamos amar com sincera e operosa caridade todos os que nos cercam, em primeiro lugar nossos irmão e irmãs no mosteiro.

Pobreza


         Não abraçamos a pobreza para ter a experiência da falta dos bens materiais ou por desprezo deles, mas para adquirir a liberdade dos filhos de Deus usarmos deste mundo como se dele não usássemos, sabendo que a figura deste mundo é transitória. Desejamos ser pobres com o Cristo, renunciando à posse e à procura das riquezas. Somos, desde modo, também verdadeiros discípulos da Igreja primitiva, onde ninguém dizia possuir algo, mas tudo lhes era comum. Libertamo-nos, assim, das preocupações materiais para que nosso coração esteja onde se acha o nosso tesouro, em e com o Cristo e a Igreja.

         No entanto, enquanto vivemos neste corpo, é preciso usar das coisas deste mundo. O espirito de pobreza, porém, que é fruto do voto, deve ordenar o uso das coisas para o nosso proveito e o do próximo observando o respeito devido as criaturas. Façamos, portanto, tudo para que a nossa renuncia redunde em benefício dos pobres de hoje. Empreguemos os horários adquiridos pelo nosso trabalho para auxiliar o próximo e a Igreja. Para isso, é de máxima conveniência que nos entreguemos a trabalhos tais que possamos conseguir, por meio deles, o necessário para a nossa subsistência, para ajudarmos os outros e também para que possamos conservar a natureza criada sadia e intacta.
A obediência 

         A obediência significa, antes de tudo, ter o coração aberto para receber as inspirações do Espírito Santo, porque Ele sopra onde quer e nos torna conhecida a vontade de Deus por muitos modos. Como o alimento de Cristo era fazer a vontade d’Aquele que o enviará, assumindo a forma de servo e fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz, assim também nós, que queremos seguir a Cristo mais de perto, devemos procurar conhecer a vontade do pai para cumpri-la prontamente.
É a Igreja que, frequentemente, nos transmite a vontade de Deus, na doutrina e exortações dos Sumos Pontífices, da Santa Sé, dos bispos e abades, que devem não apenas orientar a nossa vida exterior, mas também plasmar a nossa espiritualidade.

         Os monges, desejando em espírito de fé e de amor, fazer a vontade de Deus, querem ter o abade, que ocupa o lugar de Cristo, como seu Pai espiritual e humildemente lhe obedecer conforme a regra e as Constituições. Colocam seus dotes de inteligência e de vontade na execução das ordens e na realização dos trabalhos que lhe são confiados, certos de, assim, colaborarem para a edificação do Corpo de Cristo, segundo o plano de Deus. A obediência religiosa, deste modo, longe de diminuir a dignidade da pessoa humana, a leva à maturidade, pela liberdade dos filhos de Deus.

                                                      


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